sexta-feira, 18 de julho de 2008

Esporte Clube Bahia

Esse clube fundado em 01 de Janeiro de 1931, e que logo foi se tornando um dos times de maior tradição do Brasil, começou a fazer parte da minha vida no início da década de 90. Meu pai é o principal causador desse amor, me levando em um dos locais mais lindos de Salvador: o estádio Otávio Mangabeira, carinhosamente apelidado de Fonte Nova. Lembro que ficava assustado com tanta gente amontoada naquela enorme ferradura, onde só se via o colorido formado pelo azul, vermelho e branco do time conhecido como esquadrão de aço.
Indo aos jogos, fui percebendo inúmeras coisas ao longo das partidas. O que mais me impressionava era quando o Bahia marcava um gol. Aquelas pessoas começavam a pular e a gritar sem parar, um barulho ensurdecedor. E eu era o único a ficar sentado. Não sei até hoje se era medo ou vergonha, talvez fosse os dois. Mas ficava sentado quando o tricolor marcava um gol. Torcia pro Bahia, mas não de corpo e alma.
Essa vontade de que o Bahia ganhasse começou a crescer constantemente. Contava os dias para os jogos. E lá sempre eu estava, ao lado de meu pai e seu radinho de pilha. Na imensa Fonte Nova, lotada e bela. E meu medo e vergonha desapareceram, assumi o amor que sinto por esse time. Comecei a pular nos gols. Em cada vitória do Bahia eu comemorava feliz da vida.
Depois disso, lembro que em 1994, fui ao estádio ver um BAxVi. O Bahia jogava pelo empate para ser campeão baiano. Mas nesse jogo o tricolor perdeu. E a final ficou adiada para uma semana depois. Torcedores do Vitória cantaram músicas irônicas, e eu fiquei triste e ofendido ao ouvir aquilo. Pedi ao meu pai que me levasse ao jogo decisivo, para comemorar o título tricolor, mas ele negou por causa da multidão que estaria no local. E eu só era um menino de 6 anos. Então fiquei em casa, ao lado do rádio, escutando aquele pesadelo que parecia uma réplica do domingo passado: o Bahia jogava pelo empate, e o Vitória estava vencendo por 1 a 0. O tempo passava e meu coração estava apertado. Já passava dos 40 minutos do segundo tempo e nada. Nesse instante não aguentava mais ficar deitado. Sentei ao lado do rádio. Como se aquilo resolvesse alguma coisa. E aos 46 minutos fiquei nervoso quando o cronista começou a narrar aquela jogada que poderia sair o gol. A tensão aumentou e o gol saiu. Ufa, o coração tremeu, a emoção foi enorme. Bi, bi, Bahia é bi, têrêrêrê... Foi a primeira das emoções grandiosas que o Bahia me fez sentir.
Os anos se passaram e o Bahia com administrações pífias foi decrescendo. Rebaixamentos, jejum de títulos, até que chegou ao fundo do poço: a série c. Várias vezes o amor por esse clube me fez chorar. Mas quando a terceira divisão virou realidade fiquei com tanta raiva que tentei esquecer. Mas não dava, e continuei torcendo. E novamente a realidade me espancou com o Bahia não subindo pra série b. Em 2007 acreditei novamente. E quando o time parecia engrenar, duas derrotas me surpreenderam. Fiquei desesperado por saber que só um milagre faria o Bahia prosseguir no campeonato. E 4 dias depois aconteceria o jogo decisivo: o Bahia tinha que torcer pro ABC no mínimo empatar com o Rio Branco lá no Acre, e ganhar o Fast na Fonte Nova. Durante o primeiro tempo eu estava num ônibus, a caminho de casa, e fiquei sem saber como estavam os resultados. Quando cheguei ao meu lar, a esperança veio nos meu pensamentos. Estava tudo empatado. Começava o segundo tempo e eu estava no computador, perto do meu pai ouvindo o rádio. O tempo passava e os dois jogos 0 a 0. O bahia não criava, ficava mais longe da vitória. Enquanto isso o Rio Branco já havia perdido um pênalti e várias chances de gols, isso favorecia à classificação do meu tricolor. O jogo acabou no Acre num empate sem gols. Fiquei desesperado, o Bahia só precisava de um gol. Larguei o msn aberto e sentei de frente pro rádio. Pedia desesperado a Deus que ajudasse o Bahia. O árbitro ajudou e deu 6 minutos de acréscimos. O Fast nos contra-ataques perdia gols incríveis. E quando o tempo batia os 49 minutos, o gol saiu tão sofrido e chorado que o grito na minha garganta era engasgado, tremido. As lágrimas caiam sem que eu pudesse segurar, pois não tinha mais forças. Estava tão emocionado que a sensação foi indescritível.
E o Bahia prosseguiu na competição ascendendo à série b do campeonato brasileiro. Perdeu seu campo de batalha numa terrível tragédia e torcedores como eu continuam sofrendo com administrações ruins que não deveriam estar à frente do maior clube da Bahia.
É com um depoimento que dou início ao blog, um depoimento que conta a minha história de amor pelo Bahia. E o blog é feito pro torcedor tricolor, apaixonado pelo Esporte Clube Bahia. A partir de hoje estarei postando informações importantes sobre o tricolor de aço. Que é a minha vida, o meu orgulho, o meu amor!